Antes de mais nada, queremos assegurar a todos de que este making of não vai desperdiçar o precioso tempo dos leitores com os relatos de sempre de dias a fio de trabalho intenso e noites e mais noites sem dormir. Para detalhes desse tipo, favor consultar o making of do nosso primeiro clipe, “Video Computer System”. Sim, é claro que a produção de “Total Control” também contou com tudo isso, ainda que tivéssemos o dobro do tempo que tivemos para fazer “Video Computer System”. Mas como o novo vídeo, devido a sua complexidade, exigiu o dobro do trabalho, no final acabou dando tudo na mesma…

Dito isso, vamos ao que interessa. A idéia básica para o vídeo surgiu, como de costume, durante um desses brainstormings involuntários que acontecem de madrugada em um café 24 horas com o Adriano Vannucchi, um dos nossos maiores amigos. E surgiu da maneira mais simples possível: fazer do clipe uma corrida de Autorama. E assim como por algum tempo o conceito do clipe se resumiu a isso: Autorama. Uma coisa era certa, sabíamos que a produção do clipe seria feita pela LOBO, os mesmo caras que fizeram o outro clipe. Mas sabíamos que tínhamos uma boa idéia nas mãos, uma vez que esse foi um dos brinquedos preferidos da nossa geração, não havendo uma criança há 18 anos atrás que não o tivesse entre seus sonhos máximos de consumo (depois de um Atari, é claro).

O primeiro passo a ser tomado foi pesquisar referências, primeiro contatando todos os amigos e parentes para saber quem ainda possuía um Autorama ou similar guardado em casa, em cima de algum armário, depois procurando na Internet por todo tipo de imagens relacionadas ao tema. Juntamos uma bela quantidade delas, das mais diversas marcas e modelos de slot cars, do TCR da Trol até o Hot Wheels, passando pelo próprio Autorama da Estrela.

A essa altura já começávamos a visualizar como seria o clipe: chegamos à conclusão de que a melhor maneira de concretizarmos nossa idéia seria através da animação 3D. Mas não um 3D tradicional, aquele que na maioria das vezes parece existir apenas para demonstrar as capacidades ilimitadas das máquinas que os criaram. Pelo contrário, queríamos um 3D que não tivesse “cara” de 3D, que tivesse uma característica quase bidimensional, lembrando mais a ilustração vetorial. Tampouco pretendíamos criar toda a ambientação do clipe no 3D, queríamos que por trás dos carros e da pista tridimensionais houvesse backgrounds bem gráficos, animados totalmente em 2D.
Só que para isso tudo precisaríamos, antes de mais nada, de um especialista em Maya (software de modelagem 3D que infelizmente ainda não saiu para Macintosh) que topasse participar da produção. O primeiro nome que nos veio à mente foi o de Hisa, o mesmo responsável pela sequência “Matrix” do nosso primeiro vídeo. Foi a partir do momento em que ele aceitou o convite que “Total Control” começou a se tornar realidade.

Nas reuniões seguintes na LOBO definimos um roteiro para o vídeo, que se trataria de uma corrida disputada entre vários carros com características e “personalidades” diferentes. Um deles simbolizaria o próprio GOLDEN SHOWER, e à medida em que os outros concorrentes fossem sendo tirados da competição das mais diversas formas, disputaria os momentos finais com o único adversário sobrevivente, chamado “Robotfunk”. Isso porque originalmente o projeto era fazer um vídeo para a música homônima, idéia que acabou sendo descartada mais tarde.

O primeiro passo foi definir a pista onde aconteceria a corrida. Inspirados mais pelo TCR do que pelo próprio Autorama, fizemos uma relação dos trechos e obstáculos mais absurdos que poderiam existir, como loops, parafusos, túneis, rampas… Até que tentamos juntar tudo isso em um circuito fechado, e o resultado foi uma pista gigantesca, e inviável. Logo decidimos simplificá-la, deixando apenas os momentos mais interessantes. Simplificamos também o número de carros, que a princípio eram 6 e logo passaram para 4. Nesse corte perdeu-se, por exemplo, uma Ferrari rosa chamada “Macchina del Sesso”… Talvez um dia, quando lançarmos o DVD do GOLDEN SHOWER, ela estará presente na seção de outtakes…

Ficamos então com o seguinte line up, com 4 carros baseados em modelos típicos dos anos 80: o Lamborghini “Overdriver”, o Porsche “Cash Machine”, o Trans Am “Robotfunk”, baseado na Super Máquina da série de TV, e o DeLorean “GOLDEN SHOWER”, saído diretamente do filme “De Volta para o Futuro”. Enquanto os carros iam sendo modelados no 3D pelo Hisa, o resto da equipe ia preparando os elementos gráficos que seriam aplicados a eles, definindo suas cores e logotipos. Assim, o heavy metal infernal do Overdriver ganhou chamas e um símbolo surgido da mistura das pinturas faciais de Gene Simmons e Ace Frehley do KISS; Cash Machine, inspirado pela nossa música “Luxo em Burgo”, por sua vez baseada na obra do imortal Athayde Patreze, não poderia deixar de ser todo dourado; e Robotfunk, o mais sombrio de todos, foi deixado inteiramente preto, com alguns detalhes em verde à la Tron e simbolizado por uma caveira com cabelo afro. Nosso carro-símbolo GOLDEN SHOWER, modelado diretamente a partir de uma maquete da máquina do tempo de Marty McFly, foi decorado com base na própria identidade visual da banda.
Além de todos os elementos visuais dos carros, foram criados também elementos decorativos para a pista, como faixas, guard-rails, placas de sinalização, e muita coisa que acabou não cabendo na animação final.

Tudo em Photoshop, Illustrator e Freehand.
Foi a partir desse momento que passamos a contar também com a ajuda de Guga para a parte de modelagem 3D, juntamente com Hisa. Os dois dividiram os trabalhos a passaram a construir a pista, com base em nossos diagramas e em uma sacola cheia de peças de Autorama, TCR e Hot Wheels. A idéia inicial de modelarmos a pista inteira no 3D como um circuito fechado mostrou-se inviável, e a solução passou a ser dividi-la em trechos, que seriam tratados separadamente e “conectados” mais tarde, na edição.

Uma vez concluída a modelagem da pista passamos a selecionar as “câmeras” que resultariam nas cenas do clipe, com base no storyboard que havíamos feito anteriormente. Mas muitas cenas foram criadas ali mesmo, diante do projeto do Maya, já que o mais leve giro ou alteração do ponto de vista da pista resultava em um ângulo de ação que nem poderíamos ter imaginado antes…

Concluída essa fase, voltamos aos Macs, e enquanto as seqüências de animação 3D iam sendo finalizadas, começamos a preparar os gráficos que iriam compor os fundos do vídeo. Para isso primeiramente criamos uma série de elementos básicos no Freehand a Illustrator, tais como estrelas, faixas, raios, arcos, etc. Esses elementos foram então passados para o After Effects e animados individualmente, resultando numa série de "células" animadas que poderiam ser coloridas e combinadas das mais diversas formas mais tarde.

Os primeiros renders do 3D, ainda em qualidade draft (com os carros representados por simples blocos de cor), começaram a sair, e foram sendo usados para uma primeira edição do clipe, feita no próprio After Effects. Quando chegamos a uma edição satisfatória começamos a compor os backgrounds por trás da animação, combinando aqueles elementos pré-animados juntamente com letreiros referentes a clássicos da música dos anos 80. Enquanto isso, no Maya, Guga e Hisa iam renderizando novamente as cenas definitivas, agora com qualidade total, enquanto faziam as alterações necessárias em outras. Os renders finais iam sendo passados para o After Effects e substituindo os offlines na edição. Quando a seqüência inteira foi coberta, e os backgrounds finalizados, dividimos o projeto entre 3 Macs e os pusemos para renderizar, processo que naturalmente só foi terminar a poucas horas do final do prazo para a entrega dos clipes que quisessem concorrer ao VMB 2001 da MTV… Para o qual já estamos concorrendo novamente!

First of all, you can all rest assured that this making of is not going to waste the readers' precious time with the same old stories about days and nights in a row of hard work. For this kind of detail, please refer to the making of our first video, “Video Computer System”. Of course, we went through all this again during the production of “Total Control”, even though we had twice the time we had to do "Video Computer System”. But since we had to work twice as hard on the new video, thanks to its complexity, in the end it all came to the same thing…

Having said that, let's get to the point. The basic idea for the new video came up, as usual, during one of those unintentional brainstormings that take place late at night at a 24-hour café with a great friend of us Adriano Vannucchi. And it came up so simple: to do a slot car racing movie. How, we didn't know yet. In fact, for some time the whole concept of the video consisted of these three words: slot car racing. One thing we knew from the start is that the production would be taken care of by LOBO, the same people who did our first video. But we knew we had a great idea on our hands, after all that was one of our generation's favorite toys (after the Atari 2600, of course), coveted by almost every kid 18 years ago.
The first step we took was to research for references, first by contacting all our friends and relatives to see if anyone still kept some old TCR set on the basement, then by searching the Internet for all kinds of related images. We gathered a bunch of them, of every brand and kind of slot car toys.

By then we were starting to visualize what the video would be like: we concluded that the best way to bring this idea into being was through 3D animation. But not just your average 3D, the one that most of the time seems to exist only to show off the unlimited capabilities of the machines that created it. On the contrary, we wanted a 3D that wouldn't look like 3D, having instead an almost bidimensional character to it, reminiscent of vector illustration. Likewise, we didn't want to create all the video's ambience on 3D, we wanted to have behind the three-dimensional cars and tracks some pure 2D animated graphic backgrounds.

But for all this we needed, first of all, someone skilled at Maya (a 3D software which unfortunately is not yet available for the Macintosh) willing to go onboard with the project. The first name that came to mind was Hisa, the same guy who did the “Matrix” scene for our first video. It was from the moment when he joined the team that “Total Control” started to become a reality.

In the meetings that followed at LOBO we outlined a script, which consisted of a race with four cars of different characteristics and “personalities”. One of them symbolized GOLDEN SHOWER itself and, after the other competitors were thrown off the game, would race to the end with the only remaining adversary, called “Robotfunk”. That's explained by the fact that the project started as a video for the song of the same name, an idea that was later discarded.
The first thing to do was to draw the racing track. We listed a number of the most wacky sections and obstacles we could think of, like loops, spirals, tunnels, ramps… until we tried to put it all together, which resulted in a huge, impracticable track. We immediately decided to make it simpler, keeping only the most thrilling moments. We also reduced the number of cars, which started as 6 but were soon cut down to 4. As a result we lost, for instance, a pink Ferrari called “Macchina del Sesso”… Maybe one day, when we release the GOLDEN SHOWER DVD, it will feature on the outtakes section…

We finally settled for this line-up, with 4 cars based on typical '80s models: the Lamborghini “Overdriver”, the Porsche “Cash Machine”, the Trans Am “Robotfunk”, based on the “Knight Rider” TV show, and the “GOLDEN SHOWER” DeLorean, straight out of “Back to the Future”. While Hisa was modelling the cars on the 3D program, the rest of the team prepared the graphic elements that would be applied to them, choosing their colors and logos. Therefore, Overdriver's heavy-metal from hell got flames and a symbol resulting from the mix of the facepaints of Ace Frehley and Gene Simmons from KISS; Cash Machine, inspired by our song “Luxo em Burgo”, which in turn pays tribute to all the “Lifestyles of the Rich and Famous”-like shows, couldn't help being made totally out of gold; and the darkest one of all, “Robotfunk”, was left completely black, with a few green Tron-like details and the emblem of a skull sporting an afro. Our own GOLDEN SHOWER car, designed after a plastic scale model of Marty McFly's time machine, was decorated based on the band's own visual identity.

Besides all the cars' visual elements, we also created track decorations such as guard-rails, chicanes and signs, and a lot of other stuff that didn't make its way to the final animation. All these things were done on Photoshop, Illustrator and Freehand.

From this moment on we could also count on Guga's help to take care of all the 3D modelling, along with Hisa. The two of them split the tasks and began to build the track, based on our diagrams and a bag full of actual TCR and Hot Wheels pieces. The original idea of modelling the full track as a whole on the 3D software proved impossible to carry out, the solution being to divide it in sections and work on each one separately, “connecting” them later on the editing. Once the track modelling was concluded we started to choose the camera views that would make the video scenes, based on our storyboard. But a lot of scenes were defined on the spot, tweaking with the Maya project, since the slightest rotation of the track view resulted in angles of action we could barely have imagined before…

With this phase concluded we went back to the Macs, and while the 3D animated sequences were being finalized, we started to prepare the graphics that were to constitute the video background. For that we first created a series of basic elements on Freehand and Illustrator such as stars, stripes, beams, bows, etc. Those elements were then brought into After Effects and individually animated, resulting in a set of animated “cells” that could later be colored and mixed together in various ways.

The first batch of 3D renders started to come up, still in draft quality (with the cars represented by blocks of solid color), and we used them to begin the video editing on Afer Effects. When we arrived at a nice edited sequence we started to compose the backgrounds behind the animation, combining those previously animated elements with letterings refering to classic '80s songs. In the meantime, Guga and Hisa rendered the definitive scenes again, this time in full quality, while at the same time making the necessary adjustments on other sequences. The final renders were gradually brought into Afer Effects, replacing the offlines on the edition. With all the offlines replaced and the backgrounds ready, we split the project between 3 Macs and got them all to render, a process that naturally only ended a few hours from the deadline for entries in the 2001 MTV Brazil Awards… for which we've been nominated again!